1985

Passada a euforia da conquista das internas, todos, sem exceção, voltamo-nos para o estudo do T25, avião com que teríamos a chance de conquistar os céus.

Foram dias de preocupação, de medo, porém o entusiasmo e a vontade de atingir o ideal eram mais fortes e nos conduziram, várias vezes, aos hangares para podermos melhor fixar o que estudávamos.

Lembramo-nos, até hoje, do primeiro dia em que pisamos o "solo sagrado" do 2º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA), do primeiro contato com nossos instrutores, homens que deviam ensinar-nos tudo sobre a "arte de voar".

Fizemos a prova do avião, a de emergência, o "cheque" de olhos vendados e fomos considerados aptos a iniciar o vôo.

Quem não se lembra do primeiro "briefing"; do primeiro instrutor com quem voou, da maneira diferente com que o coração bateu quando o avião saiu do solo, do suor após o vôo? Claro, tudo isso é recente em nossa memória, c, com certeza, fomos recompensados pelas noites e pelos finais de semana que passamos estudando.

Fiorini recebendo, do Comandante da AFA, o 1º "briefing" dado a um cadete da Turma

Maj Pinto Machado, comandante
do 2º Esquadrão de Instrução Aérea

Um aspecto do "solo sagrado" do 2º EIA



Banho no lago do "lachê"

Os dias, as semanas foram-se passando e, com a união da turma, íamos vencendo as várias fases, os difíceis momentos do desligamento de um amigo ou da desistência de outro. Comemorávamos juntos os vôos-solo dos companheiros. Assim, o que há muito era um sonho tornou-se realidade: a Águia voou!

O Cap Pinto Machado recebe a Taça Eficiência

Vôo solo no T-25

É indescritível a sensação que um jovem de dezenove anos (em média) sente ao sair sozinho em um avião, ao passar uma hora na área de instrução, voltar e pousar! A confiança que os instrutores depositam em nós, a confiança da Força Aérea em nos colocar nas mãos um avião que é somente nosso compensa qualquer esforço, qualquer sacrifício.

Paralelamente a isso, as Esquadrilhas de Vôo - "Aquila", "Leo"; "Centaurus" e "Orion" - disputavam a Taça Eficiência em uma competição onde a maior virtude é a integração de oficiais e cadetes. Reconhecíamos, então, no Maj. Pinto Machado um exemplo ímpar de dedicação e profissionalismo. Esse oficial marcou nossa passagem pelo 2º EIA.

Nesse ano, a Taça ficou com a "Esquadrilha Aquila"; numa disputa definida somente na última prova, o "cross-country", que todos os oficiais e cadetes correram juntos.



O vôo tomava a maior parte de nossa vida acadêmica; existiam, porém, outras partes a que nos devíamos dedicar, e uma delas era o treinamento para a NAVAMAER, competição entre a Escola Naval, a AMAN e a AFA.

No mês de setembro, os atletas deslocaram-se para Brasília, onde seria realizada a competição. Para nós, tudo o que líamos e sentirmos era novidade, desde a organização até a importância desse evento no meio militar.

Desfile de Sete de Setembro em Pirassununga

Nosso pentatlo foi o melhor da NAVAMAER

A AFA deu um "show" no Pentatlo: foi a que levou mais cadetes ao Sul-Americano no Chile. Infelizmente, não deu para arrebatar o troféu da AMAN, mas valeu o esforço, a dedicação e, é claro, a experiência adquirida.

O final da competição coincidia com o "Sete de Setembro"; e os atletas foram os representantes da AFA no desfilo em Brasília. Houve representações também em São Paulo e Pirassununga. Nesta, o ponto alto do desfile foi a passagem do CCAer, pois fizemos de tudo para mostrar o orgulho de pertencer à Aeronáutica.

Após a NAVAMAER, nós, atletas, voltamos para a Academia, a fim de concluir o curso do EIA e, também, a parte referente à instrução científica e técnico-especializada da DE.

Esse foi nosso segundo ano na AFA e primeiro no EIA, lugar onde aprendemos, antes de voar, a importância do profissionalismo, da camaradagem, do companheirismo e como toda missão, por menor que seja, é relevante quando nos dedicamos e damos importância a ela.

Quem solou o T-25 viu recompensada a sua dedicação, e quem ficou pelo caminho terá a consciência tranqüila de que fez o máximo.

A turma foi dividida, sim, porém somente em quadros (Aviadores, Intendentes e Infantes), porque o Espírito da Águia ficou mais unido do que nunca. A consciência que possuímos para deixar o Programa de Treinamento Militar e assumir o Programa de Treinamento de Liderança era enorme. Sentíamo-nos preparados para nossas funções de terceiranistas e, com essa certeza, fomos para as férias: nossa turma, realmente, estava marcando época, e ainda tínhamos muito a realizar.



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