Principais Acontecimentos no 1º Ano


          "ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES DO AR", eram algumas letras negras em uma murada branca, frente a um prédio do final do século passado. Letras suficientemente fortes para fazer tremer as mais rígidas bases daqueles futuros integrantes da Força Aérea. Dia inesquecível, aquele oito de fevereiro de 1981. Tamanho nome não poderia caber melhor a Escola. Era tudo grande: o pátio, o alojamento, o ginásio, o cinema e, principalmente, a amizade dos novos companheiros.
          Já no primeiro dia entramos em forma. Era o início da jornada. Um homem com dois riscos no ombro e um "balangandã" dourado no bonezinho engraçado, gritava com a gente. O que era tudo isso? Quem lhe dava o direito? Meu Deus! Nós aprendemos que seria assim durante todo o curso e que aquele "ouro" todo merecia respeito.
          A primeira semana então! Cobrir, perfilar, IM, suga, cepa, bizout, sentido, RCont, RDAer, vocabulário estranhíssimo para os "bichos da FAB". Fomos bombardeados com normas, regras e tudo mais. As orelhas descascavam por causa do sol. Do cabelo restavam apenas pequenos vestígios e muitas lembranças. Mas era necessário tudo aquilo? Pior que era. E isso nós também tivemos que aceitar.

  


          Passou a primeira semana e os veteranos já estavam na Escola. Comentava-se que sombra de terceiranista era local proibido de se pisar, e assim começou a segunda fase de nossa aventura: empurrando o solo pátrio, imitando canguru e pulando como galo. Os companheiros aumentavam a cada dia e a rotina já não era tão absurda. Até o corneteiro já era tachado de cognomes, os mais variados.
          Começaram a vir as provas, testes, trabalhos e relatórios, e o aluno absorvia. Estávamos aqui para isso. Éramos a elite da juventude brasileira. As experiências eram freqüentes e a cada uma que passava, nos tornávamos mais militares ainda. Já chamávamos os companheiros de amigos. O "espírito de corpo" tomava conta de nós. Termo muito comentado, também, em nosso meio: espírito de corpo. Toda vez que "caíamos de boca", ou seja, fazíamos as flexões de braços, o major nos lembrava: "- É na moral! O esquadrão tem que levantar a moral!". Sempre eram dez flexões demoradas que pesavam como cem.
          Nos finais de semana saíamos para a cidade. Nos primeiros dias o efetivo mínimo dos "grupinhos" que se formavam nunca era inferior a dez. Onde se via mais de quinze alunos podia-se ter certeza de que eram bichos. E BQ, aos poucos, era descoberta.

  


          À noite a telefônica lotava. O bicharal sentia necessidade de ouvir aquela voz tranqüila e sempre amiga pai e da mãe, ou então o beijinho da namorada. Também se fazia necessário o apoio do lar. Afinal, aqueles primeiros dias de Escola eram turbulentos para nossas cabeças, mas não nos entregávamos facilmente.
          Com o tempo fomos nos acostumando e pegando todos os macetes da vida militar. Quase todos os dias aviões da Escola davam rasantes sobre o pátio. Vibrávamos e, cada vez mais, sonhávamos.
          Veio a Lima Mendes. Nossas equipes estavam dando tudo que sabiam. Nunca, em toda história epcariana o primeiro ano ganhou o troféu. Queríamos quebrar o tabu. Mas a tradição era muito forte. Foi a nossa primeira decepção na vida de escola, mas nem por isso nos enfraquecemos, partimos para frente em busca de outras vitórias que, se não nos esportes, no amadurecimento da moral.

  


          A nossa Instrução Militar era às segundas-feiras, que por coincidência, era o dia mais ensolarado da semana. Monitores com regulamentos que não acabam mais. Chegou então a vez do mosquetão, o melhor amigo do aluno. Treinamentos infindáveis, e logo depois das férias de julho, criou-se o pelotão Alfa. Redobraram os treinamentos para o pelotão. Grupamento inesquecível. Mas foi útil, no sete de setembro colocamos em prática tudo o que sabíamos. Compreendemos o porque daquelas tardes ensolaradas.
          Ao final do ano, fizemos um acampamento. Mas no primeiro ano? É, nossa Turma era diferente: três dias no mato. Patrulha, sentinela, senhas e muita ralação, mas aguentamos. E vibramos, e conseguimos, e crescemos.
          E o homem dos "balangandãs" (agora já eram frisos dourados) com todos os seus companheiros, foram encarados de uma outra maneira.
          Foi-se o primeiro ano, vencemos a primeira etapa.
          - Ah menino !!!

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